A febre maculosa está bastante em alta nos últimos dias, devido aos casos confirmados na região de Campinas, que infelizmente resultaram na morte de quatro pessoas.
O que é Febre Maculosa?
Essa é uma doença infecciosa decorrente de uma bactéria chamada Rickettsia rickettsii, que é um parasita intracelular obrigatório, um cocobacilo gram-negativo e que tem um difícil crescimento em meio de cultura comum. Ela é transmitida por um carrapato do gênero Amblyomma, conhecido como carrapato-estrela, que geralmente parasita animais silvestres, em especial, cavalos, capivaras, entre outros.
Um ponto-chave para se pensar no diagnóstico de febre maculosa é a história epidemiológica do paciente, isto é, visita a locais de ocorrência desse carrapato ou mesmo história de ser picado por esse agente.
Como se transmite Febre Maculosa?
Mas, como funciona essa doença? Bem, para ser transmitida, o carrapato deve parasitar o ser humano por quatro a dez horas para a inoculação da bactéria. Após um período de incubação de dois a quatorze dias, o paciente poderá desenvolver sintomas que inicialmente são inespecíficos.
Quais são os sintomas?
É uma doença febril e a febre costuma ser de início súbito, alta e persistente, seguida de sintomas como cefaleia, artralgia, inapetência, mialgia, náusea e vômitos. Portanto, é uma síndrome comum a diversas outras doenças infecciosas, inclusive virais. Outro dado importante a ser observado, é o surgimento do exantema, que pode ocorrer entre o terceiro e, mais comumente, no quinto dia. É inicialmente, um exantema maculopapular que se origina nos punhos principalmente, e pode evoluir para um rash petequial, indicando lesão endotelial e uma possível evolução para quadros graves. A forma grave da doença, por sua vez, pode cursar com CIVD, edema agudo de pulmão, injúria renal aguda, sangramentos e evoluir para óbito. A gravidade está relacionada, entre outros fatores, ao sorotipo de Rickettsia que acomete o indivíduo.
Diagnóstico
O diagnóstico muitas vezes é presuntivo, baseado em critérios clínicos-epidemiológicos. Do ponto de vista laboratorial, o padrão-ouro é a reação de imunofluorescência indireta pareada. Dessa forma, é feita a dosagem dos anticorpos pela RIFI no momento zero da avaliação do paciente e, posteriormente, com um intervalo de quinze dias, observa-se a elevação dos títulos de IgG.
Além disso, uma vez que se suspeite da febre maculosa brasileira, é importante iniciar o tratamento quanto antes, preferencialmente até o quinto dia do início dos sintomas.
Tratamento
O tratamento de escolha é a doxiciclina, um antibiótico da classe das tetraciclinas. No entanto, é importante ressaltar que, especialmente em pacientes graves, chocados e internados com suspeita de febre maculosa, a absorção oral pode não ser tão adequada quanto o esperado. Nessas situações, opta-se pelo uso de cloranfenicol como alternativa terapêutica. Essas são as duas opções terapêuticas disponíveis.
Esses são os principais pontos aos quais devemos estar atentos para diagnosticar a febre maculosa.
Autor: Gustavo Aliano Gâmbaro, médico do Paciente 360.
Referências Bibliográficas:
Governo de SP confirma quarta morte por febre maculosa em Campinas. Agência Brasil. 2023. Disponível em: https://agenciabrasil.ebc.com.br/saude/noticia/2023-06/governo-de-sp-confirma-quarta-morte-por-febre-maculosa-em-campinas#;
Veronesi, R. e Focaccia, R. – Tratado de Infectologia, Ed. Atheneu, 5; 2015. 1488 p. ilus;
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