Novo estudo sugere que um alto nível de infiltração de gordura intramuscular está diretamente relacionado com um alto risco de desenvolver insuficiência cardíaca. A comparação foi realizada independentemente de outros fatores de risco cardiometabólicos associados.
O estudo (publicado online pelo jornal JACC: Heart Failure) abrange atualizações nos conhecimentos sobre a fisiopatologia da doença cardíaca, desta vez sugerindo que o aumento da gordura intramuscular dos músculos da coxa pode estar diretamente ligada à insuficiência cardíaca.
Os autores, liderados por Kevin Huynh (University of Texas Southwestern Medical Center, Dallas) conduziram a pesquisa para mensurar a associação de gordura inter e intramuscular ao risco de desenvolverem insuficiência cardíaca. Os pesquisadores reuniram 2399 pacientes entre 70 – 79 anos, sem sinais de insuficiência cardíaca e que tomaram parte no estudo: Health ABC (Health, Aging and Body Composition). As medidas de gordura presentes na coxa foram determinadas por tomografias, com acompanhamento médio de 12 anos.
Os pesquisadores notaram que o grupo de indivíduos que continha mais gordura intramuscular apresentou um risco 34% maior de desenvolverem insuficiência cardíaca (comparados aos indivíduos com menos gordura intramuscular). A pesquisa isolou outros fatores de risco cardiometabólicos, medidas de adiposidade, força e massa muscular e, finalmente, massa corporal e percentual de gordura. Outro padrão também foi notado: a relação entre aumento da gordura intramuscular e insuficiência cardíaca com fração de ejeção reduzida, e não apresentou relação com insuficiência cardíaca com fração de ejeção preservada.
Os agentes mostraram, após análise de dados coletados, que há diferenças biológicas entre deposição de gordura inter e intramuscular. O excesso de gordura intramuscular é reflexo de um metabolismo lipídico desregulado, associado também com a resistência à insulina (um fator de risco conhecido para o desenvolvimento de insuficiência cardíaca), assim como a inflamação e outras condições de perda muscular.
Conclusão
Pacientes que já apresentam insuficiência cardíaca, as alterações na função muscular esquelética são, provavelmente, afetadas por um conjunto de fatores, incluindo inflamação, estresse oxidativo e neuro-hormonais. Desta forma, como estes fatores estão presentes na patogênese da insuficiência cardíaca, é possível inferir que a deposição de gordura intramuscular “pode indicar um meio ambiente biológico que aumenta o risco de insuficiência cardíaca”.