Setembro Amarelo é uma campanha dedicada à prevenção do suicídio, um tema presente em nossas vidas e ainda envolto em tabus que precisam ser quebrados. Talvez você nunca tenha refletido sobre isso, por nunca passar por uma situação semelhante, mas já se questionou como pode ajudar alguém nessa delicada situação?
Números que representam vidas
Globalmente, o suicídio é uma questão de saúde pública. Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), aproximadamente 800 mil pessoas são vítimas de suicídio a cada ano, o que equivale a uma morte a cada 35 segundos em todo o mundo. O Brasil ocupa o oitavo lugar em número absoluto de suicídios, registrando em média 11 mil casos por ano, ou seja, 31 mortes por dia, sendo o número de homens quase quatro vezes maior que o de mulheres.
Segundo o relatório “Suicide Worldwide in 2019” da OMS, entre os jovens de 15 a 29 anos, o suicídio foi a quarta principal causa de morte, após acidentes de trânsito, tuberculose e violência interpessoal.
O suicídio é um fenômeno complexo e multifacetado, com impacto tanto individual quanto coletivo, que pode afetar pessoas de diversas origens, sexos, culturas, classes sociais e idades. Ele está etiologicamente relacionado a uma ampla gama de fatores, que vão desde os de natureza sociológica, econômica, política e cultural até os psicológicos, psicopatológicos e biológicos. A grande maioria das pessoas que tenta ou comete suicídio está enfrentando algum transtorno mental, sendo a depressão o mais comum.
Em geral, os sentimentos e sofrimentos que sustentam a ideia ou intenção de suicídio podem atingir níveis avassaladores e impulsionar o ato. Essa estreita fronteira alerta que a morte autoinfligida quase sempre é premeditada e precedida por tentativas, ampliando, assim, as oportunidades de intervenções preventivas imediatas e eficazes.
Sinais de alerta incluem comentários como:
“Vou desaparecer.”
“Vou deixar vocês em paz.”
“Eu queria poder dormir e nunca mais acordar.”
“É inútil tentar fazer algo para mudar, eu só quero me matar.”
“Gostaria de sumir.”
“Não aguento mais viver.”
“Não tenho mais esperança.”
“Nada mais faz sentido.”
“Sinto uma dor que não passa.”
O que fazer em casos de suspeita?
Em caso de suspeita, é fundamental iniciar uma conversa direta com a pessoa em sofrimento. Um diálogo aberto, respeitoso, empático e compreensivo pode fazer toda a diferença. Perguntar como a pessoa está se sentindo e o que tem feito ultimamente é crucial. O foco da conversa deve ser na pessoa, evitando falar muito sobre si mesmo, oferecer soluções simplistas ou desmerecer o que ela está passando.
Essa conversa pode ser mais eficaz em um ambiente tranquilo e sem pressa, respeitando o tempo da pessoa para se abrir. Caso ela se sinta à vontade para compartilhar seu sofrimento, é importante evitar reações como rejeição (“Isso é pecado!”), choque (“Não acredito que você está pensando nisso!”) e minimização do choro (“Por que está chorando? Você sempre teve tudo do bom e do melhor!”).
É crucial compreender que o suicídio não é uma escolha livre ou uma saída fácil, e muitas vezes o sofrimento das pessoas é subestimado e ignorado.
Portanto, lembre-se:
Não julgue.
Escute.
Acolha.
Se você está passando por esse momento difícil, procure ajuda!
No site do CVV, você pode conversar via chat ou e-mail, ou ligue para o número 188 e converse com alguém. É um serviço sigiloso e gratuito.
E lembre-se: sua vida é importante! Não tenha vergonha e peça ajuda!
Referências:
Associação brasileira de psiquiatria (ABP) e Conselho Federal de medicina (CFM), Cartilha Suicídio – informando para prevenir. 2014. Disponível em: https://cdn-flip3d.sflip.com.br/temp_site/issue-0e4a2c65bdaddd66a53422d93daebe68.pdf. Acesso em: 25 de setembro de 2023.
Centro de valorização da vida. O que posso fazer para ajudar quem pensa em suicídio?. 2017. Disponível em: https://www.cvv.org.br/blog/o-que-posso-fazer-para-ajudar-quem-pensa-em-suicidio. Acesso em: 25 de setembro de 2023.
Ministério da Saúde. Mortalidade por suicídio e notificações de lesões autoprovocadas no Brasil. 2021. Disponível em: